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Quinta-feira, Maio 9, 2024

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Portal Manuelino do Mosteiro de Santa Maria de Cárquere

Portal Manuelino do Mosteiro de Santa Maria de Cárquere – O mosteiro Românico de Santa Maria de Cárquere, ao logo do tempo teve intervenções, que de certa forma foram alterando parte da sua arquitectura, como é o caso do Portal Principal da Igreja de estética Manuelina, como confirma o alfiz de bandeiras lisas que envolve o arco conopial, rematado por cruz.
Dentro deste, três elegantes arquivoltas de volta perfeita ostentam capitéis, cujo fino talhe mostra motivos encordoados, tema muito comum à arte manuelina. Atente-se, no entanto, na cicatriz que ainda permanece sobre este portal manuelino e que nos mostra qual terá sido a dimensão do primitivo portal românico.
O Mosteiro edificado na encosta norte do maciço da serra de Montemuro, quase à vista do Douro, o complexo monástico de Cárquere notabiliza-se não apenas pelo conjunto arquitectónico e artístico, mas pela profunda ligação aos primeiros anos da nacionalidade.
Considerado, primeiramente, o local onde o pequeno infante Afonso Henriques se curara a pedido do seu aio Egas Moniz pela intercessão da Virgem Maria, constituiu mais tarde o panteão da poderosa família dos Resendes, até à sua dispersão, nos finais do século XV.
A chegada dos jesuítas, no século XVI, determinou um novo fôlego na ampliação e consolidação do domínio em Cárquere. Deste instituto partiu a missionação e a evangelização que ajudou a formar o muito afamado santuário da Senhora da Lapa, a sudeste, nos confins dos planaltos da Nave.
A posse de Cárquere foi pacífica até ao século XVIII, quando a perseguição aos jesuítas pelo marquês de Pombal atingiu esta pequena comunidade. Embora do período românico os vestígios – contemporâneos do tempo de Egas Moniz e Afonso Henriques – sejam pouco expressivos são, no entanto, dignos de registo a fresta da capela familiar dos Resendes e a torre, hoje imersa no conjunto, mas que teria estado destacada do edifício eclesial e anexos.
A torre, fundada sobre afloramento granítico, de natureza defensiva e senhorial, poderá ter sido edificada na mesma ocasião do conjunto monástico e que alguns autores colocam no último quartel do século XII ou já no XIII.
Da época manuelina destaca-se o portal principal e o lateral norte. As pinturas murais preservadas (sob retábulos-colaterais de correr) contêm do lado da Epístola uma representação de Santo António e Santa Luzia e, no lado oposto, um conjunto de anjos esvoaçantes.
Da medievalidade são ainda as imagens da Virgem de Cárquere e do Leite. A primeira tem despertado a curiosidade dos devotos pelas suas dimensões e, sobretudo, por ligar-se-lhe a já referida lenda.
O declínio de Cárquere começou em meados do século XVIII. Esvaziado dos seus guardiães e exposto o seu património à cobiça, viu-se reduzido à condição de igreja paroquial. Ao longo do século XIX a crescente secularização e laicismo da sociedade ditaram que muito do património religioso fosse alienado ou decaísse em ruínas.
O século XX, pela mão de alguns investigadores e do crescente nacionalismo que buscava na história e no património os símbolos para reabilitar a nação e o novo regime republicano, olharam para Cárquere com a atenção devida a um dos legendários esteios da nossa nacionalidade.
Este é um dos monumentos medievais que integram a Chamada Rota do Românico (Rota do Vale do Douro) (http://www.rotadoromanico.com/)
(41° 5’14.28″N 7°57’28.84″W) Mosteiro de Santa Maria de Cárquere – Resende – Viseu – Região Centro – Portugal
“A vida é um novelo que alguém emaranhou.“ – Fernando Pessoa
Portal Manuelino do Mosteiro de Santa Maria de Cárquere

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