Por iniciativa do presidente da República abriu-se a discussão pública sobre a reparação aos países de expressão portuguesa e sujeitos à colonização promovida por Portugal. Não entramos em sede de juízo histórico, político e muito menos moral, mas dizemos que é necessária e de justiça. Por isso é devida a reparação às ex-colónias
É certo que no tempo histórico em que a colonização aconteceu o conceito de gestão política dos Estados e a subjugação dos povos tinham enquadramento próprio. Mas é evidente que em pleno século XXI temos horizonte histórico, consenso alargado sobre a evolução e reconhecimento dos direitos humanos e da emancipação dos povos que definem o diálogo civilizacional num horizonte global.
E falta, de facto, pagar o que devemos! na devida reparação às ex-colónias
É claro que ainda não existe consenso para liquidarmos e ou resolvermos a dívida, mas iniciada a discussão pelo Presidente da República deveríamos iniciar uma reflexão colectiva para chegar a uma plataforma de ajuda mútua, convidando para isso os “países lusófonos” e com eles traçarmos o caminho do encontro.
Entendimentos apressados vão recusar qualquer diálogo sobre o assunto e apresentar-se-ão como paladinos da defesa da honra perdida à busca de vingança dos “fortes e esclarecidos”.
Diálogo sereno na devida reparação às ex-colónias
O diálogo sereno e necessário poderá desenhar uma solução com a cor do azul do céu que a todos nos poderá influenciar, sabendo que hoje em política e na vida comum, nada é fácil. Mas se fosse fácil já estaria, talvez, feito. Mas não está!
O mundo evolui e a Europa consolidou um modelo de estado social que é uma referência mundial. Europa onde estão os “países colonizadores” hoje necessitados de “mão de obra” que recebem até para sustentarem os seus serviços de segurança social, dada a natalidade que se equilibra com a chegada destes novos “inquilinos”.
Isto explica que “colonizadores” e “ex-colonizados” mantêm e beneficiam das mútuas relações de comunidade e de trabalho.
É neste contexto que os países europeus deveriam empenhar-se em criar e manter uma relação de promoção dos povos antes colonizados e passarem a ser povos “agora ajudados” na integração nos nossos países pela emigração mas sobretudo pela integração das economias destes países nas regras comunitárias.
Perante a igualdade de direitos, terá chegado o tempo de as “regras da economia” permitirem a “solidariedade entre os povos” que apesar de tudo sorriem debaixo da mesma linguagem porque sentem o carinho da mesma mãe – a língua portuguesa.
Por Arnaldo Meireles