Em pleno Parque Natural de Montesinho, junto aldeia de Cova da Lua, encontramos as ruínas da capela de Nossa Senhora da Hera, um testemunho da antiga igreja paroquial, de época românica. De que actualmente, apenas restam vestígios da estrutura arquitectónica, nomeadamente, panos murários de altura reduzida, que contrastam vivamente com o que resta do vão do antigo portal principal que é o elemento de maiores dimensões do conjunto.
Tratava-se de uma igreja de planta longitudinal, com nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, a que se anexava um outro volume rectangular, correspondente à sacristia.
As paredes foram construídas em alvenaria de xisto.
O portal, tardo-românico, desenvolvia-se em arco de volta perfeita assente sobre pilastras e colunas de capitéis vegetalistas, a que se reunia ainda um conjunto de difícil interpretação, formado por uma figura humana e outras duas de animais.
Templo de origem romana, antes da edificação medieval
Antes da edificação medieval existiu aqui um outro templo de origem romana, que foi alvo de uma investigação arqueológica em 1997, dirigida por Armando Redentor, e cujas conclusões seguimos.
Na verdade, há várias referências a lápides com epigrafia romana que se encontravam integradas na construção e foram descobertas no século XVIII, aquando de uma demolição.
Apesar de já ser conhecida desde o século XVIII, em 1905 surgiu uma outra lápide, dedicada ao deus Bandue por Cornelius Oculatus, cuja interpretação tem suscitado acesa discussão. Era uma ara que hoje se encontra desaparecida, mas que na época foi transcrita por Manuel Camelo de Morais.
Na verdade, os autores dividem-se entre os que defendem que Bandua era uma divindade das comunidades pré-romanas e os que optam por conferir à palavra o sentido de divindade, deus ou lar.
Mais recentemente, B. García Fernández-Albalat liga esta divindade às comunidades guerreiras lusitano-galaicas, prolongando-se o seu culto no seio dos exércitos romanos, pois podia ser equivalente a Marte. Esta é a dedicatória ao deus Bandua mais oriental que se encontrou, a norte do Douro.
(texto retirado do site “Patrimonio Cultural” da Direcção-Geral do Património Cultural)